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SALVE LEBON RÉGIS

1912 – Os campos do meio oeste catarinense esbranquiçados do inverno que terminava...
Os pampas verdes estavam amarelados, queimava no campo a alma combatente e não servil...
O caboclo em meio ao rumor das rezas, do medo, da fé, e da inquietude do coração mal levantava o olhar porque a preocupação com a guerra de ideais se embalava no ventre deste pedaço de chão catarinense...
Os carreiros silenciosos, davam espaço largo aos tropeiros, e ao pesadelo que iria enfim explodir, com sons de facas, garruchas, espadas, metralhadoras e o canhão feroz que arrasava a utopia de evolução e paz...
Nada mais avassalador que os passos ligeiros dos antepassados correndo a querência “Lebonregense”...
A história a esporear a vida que se findava entre um tiro e outro, entre uma batalha e outra, entre a fé e a guerra, entre a voz que grita no peito, “seja você um herói ou um covarde, corra para a luta ou fuja dela e vá viver!”
O ser humano dobrado em ocos de imbuia, a fome a rondar, a matar mais que as balas nos fuzis dos soldados, mel, couro de cinta, fruto de imbuia, restos de animais que se deterioravam eram o alimento do corpo...
E a alma, recheada de ilusões: “Vê a bandeira do Divino?” E o mistério no cochicho das benzedeiras, transformava-se em gritos de almas a descansar no xaxins que abraçavam os corpos e ali se faziam morada eterna...
E entre tanta loucura ou bravura; quem sabe?
 Dos tesouros enterrados, dos jagunços desbravadores da nossa história ou dos soldados entre a mata buscando gente... Era facão de guamirim afrontando tiroteio”...
Sangue quente a correr pelos finos fios tecidos entre as araucárias, e o cantar fúnebre da passarada que assiste o homem – a mulher – a criança – a esperança escorrendo soberba pelos campos deste solo cultivado com mão firme e cabocla...
Não são moedas e tesouros enterrados, são corpos e histórias e lágrimas a correr pelo fracasso ou vitória, não são vencedores ou perdedores: SÃO COMBATENTES, são memórias que não sossegam o peito de famílias vendo suas fazendas ardendo em chamas, dos saques, dos desmandos, do que se consagrou “fanatismo religioso” e ao mesmo tempo “heroísmo ensurdecedor de canhões”
Terras do contestado são o desenho da alma jagunça, cabocla, da soldadesca que enfrenta os mandos do seu estado ou país, mas acima de tudo...Todos homens de fibra e fé em ver a salvação da terra amada, das divisas respeitadas e do cavalgar rumo aos sonhos e a esperança de dias melhores, de combates menos turbulentos e de caminhada sossegada entre o ventre do solo firme, contestado e enfim devolvido ao homem...
Feliz ou não, conquistador ou conquistado, mas firme recomeça de onde jamais se saberá ser sonho, realidade, fantasia, devaneio ou simplesmente ação pelo que se considera correto!
E  o vento minuano continua soprando os sonhos passados, presentes e futuros, com a certeza de que o caboclo jamais será dobrado em tempo algum...
E no tilintar dos ferros da então Estrada de Ferro SP/RS, deslizam vagões carregados da história do Contestado, de tantos rostos, sorrisos, lamentações, sonhos e verdades de cada ser humano único nesta empreitada de escrever a história deste nosso povo... E assim os trens navegam sobre os trilhos de nossa memória familiar, onde corre o sangue quente dos valentes do CONTESTADO, e de onde vem o nosso orgulho em dizer, sou desta terra e vivo aqui a altivez de ser “lebonregense”!
FRASE:
LEBON RÉGIS, POVO HOSPITALEIRO, GUERREIRO POR EXCELÊNCIA, NATUREZA FORTE, É HOJE UM CELEIRO CULTURAL DE MEMÓRIAS CABOCLAS!
SALVE LEBON RÉGIS!
Ó, Lebon Régis, testemunha do Contestado
Para nós que te amamos, és a pérola do estado... (do hino de Lebon Régis)

                                   IZABEL MOREIRA DOS SANTOS DAL RI

                                                           25/10/12

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