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Téia


Téia...
Não há como descrever este homem...
Ele é um pouco de tudo...
Ele foi e sempre será um ícone, um exemplo, 
um cidadão inesquecível, um amigo irrecuperável, 
um ser humano simplesmente afortunado pelas 
maravilhas que a vida pode proporcionar...
O Téia...
Para mim um bailarino... 
Um dançador apaixonado por cada passo... 
Um coreógrafo espetacular... 
Um coração pulsante de ritmo, melodia e sorrisos...
O Téia para mim nunca será um feriado... 
Ele é com toda certeza um sábado de baile... 
Em que as pilchas estão bem passadas e as botas bem lustraditas no mais... 
Um sábado de som campeiro... 
De música bem gaúcha... 
Um sábado de gaita se abrindo 
e os passos desse dançarino nato se preparando para o salão... 
Ninguém jamais esquecerá esse homem menino embalando 
a sua prenda nos bailes gaúchos...
O Téia... 
Nunca disse não, para arte...
Ele é por si só uma poesia que se eternizou nessa cidade...
Uma poesia de versos bem trovados...
O Téia sempre será o amigo dos amigos...
O Téia nunca será lágrima... 
Ele sempre será aquela gargalhada gostosa, 
aquele olhar curioso prestando atenção no que a gente diz...
O veterinário...
O homem raiz...
De linhagem política, cheio de sonhos e ideais... 
Talvez um mundo de utopia, um bom político, 
um homem sério e cheio de princípios...
Um pai de família...
Um pai admirado pelos seus filhos e filhas...
Um pai que soube valorizar e apostou na arte de cada um dos seus  filhos...
O Téia...
Um companheiro da nossa Escola “IRMÃ IRENE”... 
Onde seus filhos e netos estudaram...
Nunca disse não...
Participou do Chá com poesia, com pompa de ator, 
e fez o que sempre gostei de vê-lo fazendo, DANÇOU...
E agora tomei a liberdade de emprestar uns versos 
do poeta gaúcho Odilon Ramos para esta homenagem:


Ao reponte do sol que descamba
no dia se aprochega para o arremate
pelos campos e nos matos da querência
no revoar da bicharada voltando ao ninho
é hora de recolhimento
No rancho que há no interior
de mim mesmo
eu, ceciliense de fé
me arrincono e medito
Despindo o poncho da vaidade
e do orgulho
tiro o chapéu, apago o pito
e me achego pra uma prosa
com o patrão maior
Na sua presença
meu sangue quente de ceciliense
se faz manso caudal
entrego-lhe minha alma
afoita de alcançar lonjuras
e abrir cancha
em busca do destino
renuncio à minha xucra rebeldia
me faço doce de volta
e macio de tranco
para dizer-lhe
Gracias patrão
por tudo que me deste
por esta querência Senhor
que meus ancestrais regaram
com seu sangue
e que aprendi a amar desde piá
Pelos meus parceiros
nessa ronda da vida
sempre de prontidão para
me amadrinharem na
campereada mais custosa
ou para matearem comigo
na hora do sossego
Reparte com eles, patrão
esta fé que me deste
e este orgulho pela minha
querência
Ajuda patrão
a manter acesa esta chama
concede sempre aos conterrâneos
a força no braço
e o tino pra saber o que
é correto
Dá-nos consciência
para preservar a nossa cultura
livre da invasão dos modismos
conserva a essência e a beleza
da nossa tradição
E agora, com licença patrão
que vou aproveitar o ensejo
para um dedo de prosa com
Nossa Senhora
Ave Maria
primeira prenda do céu
contigo está o Senhor,
na estância maior
tu és bendita entre todas
as prendas
e bendito é o piá que
trouxeste ao mundo, Jesus
Maria, mãe de Deus
E mãe de todos nós
roga pela querência
e pelos galdérios
que aqui moram
nesta hora e no instante
da última cavalgada
Oh Deus... 
Ouve-me agora... 
É hora de receber este nosso Galdério...
Esse dançador de nossos pagos...
É hora meu Bom Pai de receber de braços abertos esse nosso grande amigo, ele vai pilchadito no mais, para que dele te aprochegues é só tocar uma vanera, um xote, uma milonga...
Recebe Senhor esse nosso piá...
Será para nós sempre uma boa lembrança...
E tenho certeza aqui dentro de mim, que Santa Cecília, a Padroeira dos músicos e dos artistas já estava preparando para ele um lugar de destaque aí nos teus pagos...
E da tua estância, ele vai olhar para nós sempre e sorrir...


IZABEL MOREIRA DOS SANTOS DAL RI