Pages

Igreja


Igreja, templo
            tempo
            Palco
seres, personagens, cristãos
Um homem,
Um ser
Um personagem que deu
origem a irmãos.
Verdades,
Lutas,
Construções.
Queria entender a dor de criação
Queria saber como aconteceu
três pessoa em uma só mãe.
Mulheres comuns, raras
claras, traiçoeiras
perdoadas...
Homens fortes
amigos, traidores,
amantes, amados,
todos diluídos,
resumidos,
Num só corpo,
Num só amor,
Num só coração...


Menino


Menino,
criança que traz paz,
menino que mora
que explora
que vive,
Oh, menino
sei bem que a rua
é teu lar
Ah, se você imaginasse,
Já te senti
é verdade,
vivi,
com você me alegrei
quando num momento
feliz de minha vida
Vi que você não existia,
sonhei que tinhas
um lar, comida, paz
 acabei decepcionando-se
quando te vi maltrapilho
maltratado
cansado
Sem pai, nem carinho, sem nada!
Nesse sonho de amor e liberdade,
enxerguei,
avistei você no espelho...
Mas acordei!
Você, eu
estávamos na cama,
no jornal,
na avenida central,
Sós,
Como se fôssemos
Um!

O Amor Ressuscitou


Naquele dia
quanto te vi passa pela rua,
aquela multidão
se aproximando
pensei que era festa,
celebração;
porém quando me aproximei
vi que tudo estava perdido
que não era festa,
era pesadelo,
era dor
que o que tu carregavas
não era flor
era cruz...
Naquele momento
senti quão leve é
meu fardo
comparado ao teu,
E quão leve eu estava
pois contigo Jesus
Naquele dia
Todo o pecado
Todo o sofrimento
faleceu!
Eu chorei,
Você me ouviu
“e em alguns dias o amor ressuscitou”! 

CHÁ COM POESIA


CHÁ COM POESIA                  

FIQUE ATENTO...
OUÇA TUDO COM MUITA ATENÇÃO...

TALVEZ AGORA, AGORINHA MESMO A TUA MENTE TE LEVE A VIAJAR...
PORQUE UM CORAL DE VOZES VAI EMBALAR UMA HISTÓRIA LONGÍNQUA...

FIQUE BEM...
ESTEJA CONFORTÁVEL...
POR QUE EM INSTANTES ALGUMA POESIA 
VAI TOCAR FUNDO A TUA ALMA 
E VOCÊ PODERÁ PENSAR BAIXINHO 
“MEU DEUS” ESTA HISTÓRIA É MINHA....
É DA MINHA RAIZ... 
É DA MINHA GENTE QUE ESTÃO FALANDO... 
É DO MEU POVO QUE ELES ESTÃO POETIZANDO...

OLHOS ÁVIDOS E CURIOSOS...
TENHA PACIÊNCIA...
VOCÊ VAI VER ENTRE “OS PASSOS” DE DANÇA...
TÃO DE REPENTE UMA LEMBRANÇA DE UM ENTE QUERIDO, 
DE UM AMIGO, DE UM FAMILIAR...

SÃO OS VENTOS DE UMA TRAJETÓRIA 
QUE SOPRARAM EM NOSSA TERRA 50 ANOS...
SÃO OS VENTOS DE TANTAS CONQUISTAS...
TALVEZ DE TANTAS DERROTAS...
FORAM INÚMERAS AS BATALHAS TRAVADAS NESTE CHÃO...

E É O SUOR DE NOSSOS ANTEPASSADOS.... 
O SUOR DE TANTAS GERAÇÕES QUE ESTÁ SE IMPREGNANDO 
A ESTA TERRA   
E GRITANDO COM TANTO CARINHO....
EIS A MEMÓRIA
EIS A HITÓRIA
EIS A CULTURA DE UM POVO EXPANDINDO-SE SEM MEDO...
EIS AQUI A NOSSA TERRA “SANTA CECÍLIA”
COM O PODER DE CRESCER...
DE DIZER COM ORGULHO
QUE TEMOS BONS CANTORES, PINTORES, POETAS, ESCRITORES,
TEMOS DESENHISTAS, ESCULTORES,
TEMOS BONS MÚSICOS... 
ARTISTAS CRIATIVOS, RENOVADORES...
SOMOS UM POVO QUE TRAZ NO PEITO AMOR...
QUE TRAZ NAS MÃOS O TRABALHO...
QUE LEVA NO COLO OS FILHOS...
QUE PULSA O PULSAR DESTA MÃE TERRA CHEIA DE TANTAS BELEZAS...
REPLETA DE RIQUEZAS INIGUALÁVEIS...
SOMOS A GENTE. 
O POVO DE SANTA CECÍLIA...
POVO RAIZ...  
MEIO SÉCULO DE CAMINHADA...

50 ANOS EM “CARREIRA SOLO”...
                                                           IZABEL MOREIRA DOS SANTOS

                        CHÁ COM POESIA

RAÍZES

SANTA CECÍLIA – 50 ANOS

Bom pensar que temos uma origem tão nobre, 
de um povo tão forte e batalhador...
Bom descobrir as raízes de nossa gente...
Desvendar os mistérios de nossa terra...
Os segredos de nossa gente...
As aventuras e desventuras...
Os sonhos...
O passado...
Os antepassados...
Os carreiros abertos para as gerações futuras...
Aqui... 
Na tarde de hoje, uma homenagem a todas as famílias de Santa Cecília...
Aqui recortes da nossa cultura...
E um passo para um futuro cultural ainda maior...
Santa Cecília...
Meio século de andanças... de histórias... de memórias de um povo...


01-  Participação Especial do Coral “HERDEIROS DO FUTURO”
PROFESSOR PAULO MUNHOZ
MÚSICA – ANDANÇAS

02 – POESIA – SANTA CECÍLIA –
Declamada pelos alunos DANIELE E DIEGO TOBIAS
Alunos ensaiados pelo professor ELIZEU TOMAZI

03 – TEATRO – Aqui uma viagem pelas lembranças... 
Os momentos de nossa terra...
SANTA CECÍLIA – TERRA ADORADA
Alunos ensaiados pelo professor ELIZEU TOMAZI
  

04 - “O RIO CORRENTES” GUARDA MUITOS SEGREDOS...
           
GUARDA NOMES E CONVERSAS E RISADAS 
E PIADAS CONTADAS POR TANTOS VIAJANTES...
A MEMÓRIA DESTA CIDADE FLUTUA ENTRE AS PEDRAS LISAS...
ENTRE O MUSGO, A PROFUNDIDADE E O NADAR DOS PEIXES...
PÉS CANSADOS JÁ DESCANSARAM ALI...
MENTES CONFUSAS E AMENDROTADAS JÁ FIZERAM O SEU DESABAFO 
E AS LÁGRIMAS DE TANTAS PESSOAS, 
JÁ MISTURARAM-SE AS AGUAS DO RIO CORRENTES...
ESSE RIO TAMBÉM JÁ FOI O ESPELHO 
QUE FIXOU TANTAS HISTÓRIAS DE AMOR E DE COMPAIXÃO...
ESSE É NOSSO RIO CORRENTES...

OUÇAM AGORA “UMA VERSÃO” DA “LENDA DO RIO CORRENTES”
CONTADA PELA ALUNA JESSICA MORAES DE SOUZA
(ALUNA ENSAIADA PELA PROFESSORA IZABEL MOREIRA)

05 – UMA GERAÇÃO DE HERÓIS ABRINDO CARREIROS 
ENTRE SÃO PAULO E MINAS GERAIS RUMO AO RIO GRANDE DO SUL...
SANTA CECÍLIA, 
A TERRA MÃE ABRE OS BRAÇOS PARA RECEBER ESSES VIAGEIROS 
E DAR A ELES O CONFORTO E O DESCANSO EM BELAS NOITES DE LUAR, 
TÃO INSPIRADORAS PARA A SAUDADE DE SUAS FAMÍLIAS, 
OU MESMO, AS NOITES CHUVOSAS E FRIAS, 
QUANDO A DISTÂNCIA PARECIA UM SEM FIM, 
SEMPRE HAVIA ONDE DESCANSAR OS CAVALOS
E DAR UMA AQUECIDA NO CORAÇÃO ANTES DE SEGUIR VIAGEM...

EIS AÍ UMA GRANDE MISTURA DE RAÇAS...

DUELO DE ORIGENS –

- SILVIO E LAGARTO – UMA DUPLA QUE ATRAVÉS DOS ACORDES ÁGEIS DO VIOLÃO RELEMBRAM OS PAGODES DOS TEMPOS DE OUTRORA...
E NOS TRANSPORTAM PARA UM MUNDO ONDE UM MENINO SUBIA NA PORTEIRA PARA FICAR, O BERRANTE, OUVINDO...

- ENÉIAS – FAZ UMA VIAGEM BUSCANDO NAS RAÍZES GAÚCHAS 
A EXPLICAÇÃO DE TANTAS DAS NOSSAS TRADIÇÕES... 
OS RODEIOS, O CHURRASCO E O CHIMARRÃO...

O COMÉRCIO DE ANIMAIS FOI FATOR DETERMINANTE PARA INTEGRAR EFETIVAMENTE O SUL AO RESTANTE DO BRASIL, 
APESAR DAS DIFERENÇAS CULTURAIS ENTRE AS REGIÕES DA COLÔNIA, 
OS INTERESSES MERCANTIS FORAM RESPONSÁVEIS POR ESSA FUSÃO 
E INDIRETAMENTE, PELA PROSPERIDADE TANTO DA GRANDE PROPRIEDADE ESTANCIEIRA GAÚCHA, COMO DE PEQUENAS PROPRIEDADES FAMILIARES,
EM REGIÕES ONDE PREDOMINARAM POPULAÇÕES DE ORIGEM EUROPÉIA 
E QUE ABASTECIAM DE ALIMENTOS AS FAZENDAS PECUARISTAS.

06 – 1855 –  HA 153 ANOS ATRÁS...

AQUI MESMO... NESTE CHÃO....
ONDE HAVIA UM PONTO DE CHEGADA E DE PARTIDA DOS TROPEIROS...
QUANDO HAVIA APENAS RASTROS DE CONVERSAS, 
GRITOS, SORRISOS E MARCAS DOS CASCOS DOS CAVALOS 
DESENHANDO UM CAMINHO...
AQUI CHEGARAM ALEMÃES E ITALIANOS...
ATRAVÉS DO CAPITÃO
 JOSÉ FERREIRA DE SOUZA 
ALGUMAS FAMÍLIAS  VIERAM DE  RIO NEGRO E PARANÁ 
TRAZENDO CONSIGO A ESPERANÇA DE AQUI CULTIVAR TERRAS 
E FAZÊ-LAS PROSPERAR...

- DANÇA ALEMÃ –
ALUNOS ENSAIADOS PELA PROFESSORA MARINEI PEDON

07 – UMA HOMENAGEM A VERDADEIRA CONTEMPLATIVA DE DEUS 
NO MUNDO POR SUA VIDA DE ORAÇÃO, DE FÉ E DE RESPEITO “SANTA CECÍLIA” MÁRTIR E MULHER FIEL AOS DESÍGNIOS DO SENHOR DEUS...

– CORAL SANTA CECÌLIA
APRESENTA A SUA HOMENAGEM A SANTA PADROEIRA DA CIDADE
E DA MÚSICA.


08 – AINDA NUM MOMENTO DE HOMENAGEM ÀS FAMÍLIAS PIONEIRAS, RELEMBRAMOS A CULTURA ITALIANA QUE NOS TROUXE NA BAGAGEM 
A ALEGRIA E O ACONCHEGO AOS CORAÇÕES 
DESBRAVADORES DESTA HISTÓRIA...


DANÇA ITALIANA -
ALUNOS ENSAIADOS PELA PROFESSORA MARINEI PEDON


09 – A   NOSSA RAÍZ É TAMBÉM  “SUL-RIO-GRANDENSE”...
E O NOSSO CORAÇÃO ESTÁ PILCHADO PARA OUVIR 
O QUE O NOSSO QUERIDO PADRE 
ARI JOSÉ SOGA TEM A NOS DIZER...   

OUÇAMOS COM MUITO CARINHO E RESPEITO
A PRECE CAMPEIRA


10 – A CHULA
APRESENTADA PELO PROFESSOR  MARCOS FRONER
QUE TEM MINISTRADO UM “CURSO DE DANÇA DE SALÃO”...
UM PROJETO DA ESCOLA ABERTA EM PARCERIA COM A ESCOLA DE EDUCAÇÃO BÁSICA IRMÃ IRENE.

11 – UM HOMEM QUE TEM POR HÁBITO PRESERVAR A RAIZ GAÚCHA...
DELCI  JOSÉ GOETTEN 71 ANOS – CASADO COM MARLI TEREZINHA GOETTEN,
HÁ 42 ANOS
O CONTADOR DE HISTÓRIAS
 ( Isa o teia conta uma história e depois dança com a Marli)

12 – DANÇA
MÚSICA “MEU VELHO PAI” 
– DE RENATO GOETTEN E ISAMARA FRANZON GOETTEN – 
FILHOS DESTA CIDADE – CANTORES E COMPOSITORES

ESTA MÚSICA FOI FEITA ESPECIALMENTE PARA ESTE PAI 
E FAZ UMA HOMENAGEM A TODOS OS PAIS 
– OS PROGENITORES DESTA NOSSA GENTE CECILIENSE...

13 – MÚSICA –
“LUAR DO SERTÃO”
DO COMPOSITOR CATULO DA PAIXÃO CEARENSE
INTERPRETADA PELO ALUNO E CANTOR “LUAN GABRIEL”


14 – DANÇA GAÚCHA  “O VENTO”
ALUNOS ENSAIADOS PELA PROFESSORA MARINEI PEDON


15 – E A CADA TEMPO ESSA TERRA SE RENOVA...
E VEM TRAZENDO NO OLHAR O ORGULHO DE SER O QUE É...
EIS OS VENTOS QUE SOPRAM EM TODAS AS DIREÇÕES 
E ENVOLVEM OS POVOS DE TANTAS CULTURAS, DE TANTOS LUGARES...
EIS AQUI MAIS UMA DE NOSSAS PASSAGENS PELA HITÓRIA DE NOSSOS ANTEPASSADOS...

- TRISTE BERRANTE – DE PENA BRANCA E XAVANTINHO
INTERPRETADA PELOS CANTORES “RODRIGO CONING E JUSSARA

16 – HOUVE UM TEMPO DE JAGUNÇOS E SOLDADOS...
O SANGUE DE MUITOS NOBRES FOI DERRAMADO AQUI...
HOUVE UM TEMPO DE BATALHAS E AFLIÇÕES....
MEDO E CORAGEM....
VITÓRIAS E DERROTAS..
E MUITOS SONHOS ADORMECERAM PELAS TERRAS DESSA REGIÃO...

- GUERRA DO CONTESTADO
ALUNOS ENSAIADOS PELA PROFESSORA MARINEI PEDON


17 – DIA 21 DE JUNHO DE 1958
SANTA CECÍLIA – É (AGORA) MUNICÍPIO –

- A ALUNA SUELEN THAÍS DECLAMA “O TEXTO”
“LEI DE EMANCIPAÇÃO LIMITES”

 18 – SANTA CECÍLIA
– A BANDEIRA TUDO O QUE ELA REPRESENTA
 PARA ESTE POVO DE GARRA E DE SONHOS...

- SIMBOLOS DA BANDEIRA DO MUNICÍPIO
ALUNOS ENSAIADOS PELA PROFESSORA MARTINA DE FATIMA LUCAS
E PELA ASSISTENTE TÉCNICA EM EDUCAÇÃO ANA PAULA PRIESTER

( fundo musical do Enéias e do Diego – a menina fala baixa o som enquanto cola o símbolo toca o fundo musical)

19 – DEMOS ENTÃO UM GRANDE SALTO NA HISTÓRIA...
OS ANOS 60 – UMA GRANDE FASE PARA O MUNDO INTEIRO...
MÚSICA, DANÇA, ALEGRIA, QUERENDO LIBERDADE, MAIS CRIATIVIDADE, 
MAIS EXPECTATIVA, UM BRILHO DIFERENTE INVADE AS NOSSAS CASAS 
E CORAÇÕES, A VONTADE DE DEIXA NO CORPO, 
CRIAR ASAS E SAIR POR AÍ ESPALHANDO IDÉIAS, 
PARTILHANDO NOVIDADES E EMOÇÕES ....

- MÚSICA – VIDE, VIDA MARVADA, DE ROLANDO BOLDRIN
INTERPRETADA PELOS CANTORES DIEGO, ENÉIAS E BANDA
( aqui o intervalo de músicas para servir o chá e o data show vai passando imagens)

20 – ANOS 70 – VIRAVOLTAS PELO BRASIL
SANTA CECÍLIA TAMBÉM SE DEPARA COM GRANDES MUDANÇAS...

-TEXTO ESCRITO PELO PROFESSOR JOSÉ JACÓ MOREIRA DOS SANTOS
-DECLAMADO PELOS ALUNOS – GIOVANI GALVAN E MIRIANI PEDROSO

Anos 70
Não há quem melhor pinte o retrato dos anos 70 
do que a memória dos nossos pais
As gírias, as festas, os amores...
Quem se lembra da calça boca de sino? 
da botinha de salto carrapeta?
dos beatles e bossa nova? dos bailes de formatura? 
dos amassos no cinema?
da japona? da bolsa a tiracolo? do chinesinho? 
da copa de 70?
Ou para além da tecnologia;
Os medonhos buenas tardes, 
os bochinchos, as carreiras e pixiruns...
Basta apreciar pelas entranhas da reminiscência, 
e observar uma pequena face da infância de muitos, 
de uma Santa Cecília ainda apoucada, 
entregue ao cotidiano rústico.
Alguém lembra da folia, dos encontros no campo, 
do churrasco, da gazoza e maionese? 
dos casais unidos que dançavam e dançavam, 
numas valsas quase paravam de repente nos vanerões se perdiam?
Por acaso, seja no mato onde iniciam todas 
as histórias que vovô conta, sobre onças, leões, 
da vitória da esperteza sobre a ferina ofensiva da natureza, 
ou na cidade, ainda pequena, 
donde havia a quietude dos velhos e a pujança dos jovens, 
vem a lembrança de um tempo singular, incrível e saudoso. 
A festa da igreja, os jogos de bochas e bingos, 
as barracas do beijo e recado, os amantes 
e namorados sumidos na noite, dispersos e embriagados de lua. 
E nas carreiras a velocidade dos cavalos, 
a determinação dos jóqueis, que feitos um só se pranchavam em lama na esperança de vitória. 
Mas não se aposta em gaudério que não se garante, 
e nem com o tempo distante se vai a fama de quem se vende pelo dinheiro de gaiatos. 
Nos interiores do município, a escola solitária, sitiada por árvores e animais curiosos, que do alto das árvores emprestavam seu canto a alunos atentos, inquietos para entregar qualquer presente ao professor. E na mesma palavra “presente”, figurativamente, a condutora de nossa viagem temporal vai envelhecendo aos poucos. Quão forte é a memória quando se é coletiva! Lembremos-nos então! Santa Cecília já foi conto de fadas, parque de diversões e circos.... Muitos puderam imaginar-se como príncipes e princesas montados em abóboras mágicas, cavalos e unicórnios de enfeites na década de 1970... Santa Cecília já foi palco de gincanas comunitárias, de corridas malucas com carros excêntricos...  Santa Cecília já foi e é, sobretudo, uma terra de gigantes, de corações unidos, de lendas aterrorizantes que assombram até mesmo as crianças mais sapecas.




21 -    DANÇA DE SALÃO –
PROFESSOR MARCOS FRONER

 22-  ANOS 80 – SANTA CECÍLIA – A CAPITAL DO AUTOMOBILISMO
TEXTO ESCRITO PELA PROFESSORA IZABEL MOREIRA DOS SANTOS
DECLAMADO PELA ALUNA BARBARA

SANTA CECÍLIA – JUVENTUDE DIVERTIDA

NÃO RARO OS NOSSOS SÁBADOS ERAM  INEBRIADOS PELOS RONCOS DOS MOTORES...
PELA MULTIDÃO QUE IA CHEGANDO  COMO SE ESTIVESSE EM CASA...
E OS DOMINGOS?
NÃO NOS IMPORTÁVAMOS NEM UM POUQUINHO EM ACORDAR BEM CEDO DEPOIS DE TER FESTADO MUITO, MUITO MESMO...
UMA GERAÇÃO DIVERTIDA QUE SE DIVERTIU...
QUE SONHOU...
QUE ANDOU DE MÃOS DADAS COM OS PAIS E IRMÃOS...
QUE PROCURAVA OS AMIGOS PARA CURTIR AQUELE TEMPO JUNTOS...
QUE CONHECEU CARROS, PILOTOS, PATROCINADORES,MECÂNICOS...
E QUE SILENCIAVA PARA VER A EXPLOSÃO DOS MOTORES...
E OS GRITOS ENTÃO SE DESPRENDIAM DO PEITO GENTE NA VELOCIDADE DO VENTO TENTANDO ULTRAPASSAR A SORTE E CONQUISTAR A VITÓRIA...
DE MANEIRA ALGUMA PODEMOS NOMEAR ESSES TANTOS PARTICIPANTES DESTE TRECHO HISTÓRICO...
JÁ QUE NÃO QUEREMOS DE FORMA ALGUMA DEIXAR ALGUÉM ESQUECIDO LÁ ATRÁS...
ESTA É UMA CORRIDA DE LEMBRANÇAS...
SÃO FLASHS DE NÓS VOLTANDO AGORA  - LÁ PARA O “AUTÓDROMO ALDO LEAL TRAMONTINI” PARA VER SE A GENTE ENCONTRA  VESTÍGIOS DE NÓS...
ESSE É QUASE UM DESABAFO DE ALGUNS JOVENS BEM MADUROS QUE SENTEM A MELANCÓLICA PRESENÇA VIVA DO QUE JÁ PASSOU....
AGORA JÁ DIVIDIMOS COM VOCÊS...
AHHHHH
PARA TERMINAR
SAIBAM APENAS...
QUE SANTA CECÍLIA JÁ FOI DIVERTIDA...
JÁ FOI MOVIMENTADA...
JÁ FIZEMOS BRINCADEIRAS SAUDÁVEIS...
JÁ VIVEMOS ...

AHHHHHHHHHHHHHH...
QUANTOS SORRISOS COM GOSTO DE SOL...
QUANTA EMOÇÃO...
QUANTO CARINHO COLHEMOS
NA GRAMA ROÇADA DOS PASSOS RÁPIDOS
QUE PRETENDIAM VER O SEU CARRO PREFERIDO PASSAR...
                                         (IZABEL MOREIRA DOS SANTOS)




23 - MÚSICA....................................................................
ROCK NACIONAL  - BARÃO VERMELHO
INTERPRETADA POR ENÉIAS – DIEGO E BANDA

24– POESIA DE IZABEL MOREIRA DOS SANTOS
“LABIRINTO”
DECLAMADA PELA ALUNA CAMILA DRISSEN

25  - POESIA DE LOYSEANE
AS VEZES ACHO PENSO MAS NÃO ENTENDO
DECLAMADA PELA ALUNA KARLA LITUANA DE SOUZA

26 - POESIA DE ANGELA ELY
“AINDA HÁ ESPERANÇA”
DECLAMADA PELA ALUNA PAMELA

27- PARA RECORDAR O S BONS TEMPOS –

PROFESSORES:
JEAN ATHAIDES DAS NEVES E
JOSÉ JACÓ MOREIRA DOS SANTOS
E BANDA
INTERPRETANDO
QUE PAÍS É ESSE?      -   LEGIÃO URBANA


28-                ANOS 90 –
EM 1988 UM PEDAÇO DE CHÃO, UM PEDAÇO DE TERRA, UM PEDAÇO DE CORAÇÃO DESTA CIDADE – VAI CRESCER – VAI  DESENVOLVER-SE - TIMBÓ GRANDE TORNA-SE MUNICÍPIO – UM GRANDE PRESENTE PARA ELES – UMA PERDA IRRECUPERÁVEL PARA NÓS...

  
- POESIA –
ALUNA “RENATA”, ENSAIADA PELA PROFESSORA JUCELEI DE SOUZA
ATUALMENTE DIRETORA DO COLÉGIO MACHADO DE ASSIS DO TIMBÓ GRANDE -



29   MÚSICA – ADMIRÁVEL GADO NOVO DE ZÉ RAMALHO
CANTADA PELO PROFESSOR ENÉIAS


OS ANOS 90 E 2000 – SÃO RELEMBRADOS AGORA COMO UMA GRANDE MISTURA DE TALENTOS – AQUI AS POESIA E AS MÚSICAS – NA NOSSA GALERIA AS OBRAS DE ARTE QUE ENCANTAM AS MENTES ÁVIDAS PELA ARTE –
DEVEMOS LEMBRAR A TODOS QUE MUITOS SÃO OS TALENTOS DE NOSSO MUNICIPIO E QUE AQUI TEMOS RECORTES – RESQUÍCIOS DE SERES QUE VEM TENTANDO DESPERTAR O GOSTO PELA POESIA – A MÚSICA – A DANÇA E TANTAS OUTRAS FORMAS DE ABRIR A ALMA PARA AS BELEZAS DO PENSAR...


30– POESIA DE IZABEL MOREIRA DOS SANTOS
“VIVER”
DECLAMADA PELA ALUNA MICHELE MICHALCHUK

31- POESIA DE ANGELA ELY
 “DO QUE VOCÊ TEM MEDO?”
DE CLAMADA PELA ALUNA ANA CAROLINA

32- POESIA DE J. OLIVER
........................................................
DECLAMADA PELA ALUNA LUANA CARLA DO NASCIMENTO



33- MÚSICA – O POVO DE SANTA CECÍLIA TORCEU MUITO PELO SUCESSO DESSA BANDA.
A PRIMEIRA BANDA COM MÚSICAS INÉDITAS E CD GRAVADO

– SUB ZERO
MÚSICA UM DIA


34– POESIA DE IZABEL MOREIRA DOS SANTOS
“CONVERSA”
DECLAMADA PELA ALUNA LIDIS BLOAT


35– POESIA DE LOYSEANE GRANEMAN – NOSSA ESTRADA
DECLAMADA PELA  PRÓPRIA AUTORA

36 – DANÇA DE SALÃO –
PROFESSOR MARCOS FRONER

37  - AGRADECIMENTOS
 PROFESSORA IZABEL MOREIRA



37– PODERÍAMOS LEVAR DIAS E DIAS (Izabel)
APRESENTANDO OS NOSSOS TALENTOS...
AS PINTURAS – AS DANÇAS – ESCULTURAS – ENTALHES
DETALHES DE MÃOS QUE AMAM O QUE FAZEM
MÃOS QUE ESCREVEM,
VOZES QUE CANTAM,
PESSOAS COM HABILIDADES QUE EMOCIONAM...
NÓS SOMOS GRANDES EM SABEDORIA E NÃO DEIXAREMOS APAGAR ESSA CHAMA JAMAIS...

ESTE É O NOSSO MUNDO...
PENSO QUE AGRADECER A DEUS POR ESTA CIDADE EXISTIR
É MUITO POUCO...

VOCÊS COM TODA CERTEZA JÁ OBSERVARAM COM QUE DELICADEZA  E AMOR FORAM DESENHADAS CADA PÉTALA DE FLOR, CADA ARVORE, CADA ANIMAL...
ESTES PASTOS VERDES...
A SERRA DO ESPIGÃO E A NEBLINA...
O VENTO E O FRIO...
A GEADA, O FOGÃO A LENHA COM CHAPA CHEIA DE PINHÃO...
TANTAS E TANTAS LOCALIDADES BELÍSSIMAS E ORIGINAIS...
SÃO O NOSSO LUGAR... A NOSSA CASA...

QUANTA DEDICAÇÃO PARA ESCULPIR TODOS ESTES ROSTOS....
OS QUE ESTÃO AQUI CONOSCO HOJE, OS QUE NÃO PUDERAM VIR....
E AQUELES NOSSOS ANCESTRAIS...
OS DONOS E SOBERANOS DE TANTAS LENDAS, DESSE FOLCLORE, DESSA VIDA, DESSA HISTÓRIA...
QUE JÁ PARTIRAM PARA OUTRA QUERÊNCIA

AQUI PEQUENOS RECORTES DE NÓS...
MAS BEM NO FUNDINHO DO MEU EU...
SEI QUE UM GRANDE FILME PASSOU
DIANTE DOS OLHOS DE TODOS VOCÊS...

E NA VERDADE PRECISO PEDIR PERDÃO
A TANTOS ALUNOS E ARTISTAS QUE NÃO ESTÃO
NOS PRESTIGIANDO HOJE...

MUITOS SÃO OS CORAÇÕES RENEGADOS PELA FALTA DE TEMPO...
PELA FALTA DE OPORTUNIDADE...
MAS NÃO TARDARÃO EM MOSTRAR O SEU TRABALHO
EM OUTRA OCASIÃO...
E QUE DEUS NOS ILUMINE A TODOS
PARA QUE SEMPRE TENHAMOS GRANDES IDÉIAS E IDEAIS...
PARA QUE POSSAMOS CONSTRUIR MAIS UM TANTO DO SONHO DE NOSSOS PAIS, AVÓS, BISAVÓS E TANTAS E TANTAS GERAÇÕES PASSADAS E FUTURAS...



38  HINO DE SANTA CECÍLIA –
UMA UNIÃO ENTRE O CORAL  “SANTA CECÍLIA” E O CORAL “HERDEIROS DO FUTURO” -
VAMOS OUVIR COM CARINHO O HINO DE SANTA CECÍLIA

  
39 -CONSIDEREM-SE LIVRES

CONSIDEREM VOSSOS ESPÍRITOS LIBERTOS, PARA OBSERVAR O FRUTO DE ARTISTAS DE TODOS OS CANTOS DO MUNICÍPIO.
CONSIDEREM A GALERIA DOS DESENHOS, PINTURAS, ESCULTURAS E TEXTOS
CONSIDEREM A POESIA, A BONDADE E AS DANÇAS...
ASSIM COMO AS CRIANÇAS, AS FLORES, MÚSICA, O LUAR, E O SOL
CONSIDEREM OS DETALHES DESSE EVENTO,
POIS SAIBAM QUE AGORA PEDIREI AO VENTO DE NOSSOS CORAÇÕES
QUE IRROMPA TODAS AS MURALHAS IMAGINÁRIAS QUE NOS CERCAM. LIBERDADE!
ESTÃO LIVRES DO PROTOCOLO, LIVRES DO SILÊNCIO COMINADO, LIVRES, SOBRETUDO,
DE TER QUE CRITICAR OU MASSAGEAR O EGO DOS PRODUTORES DESTA CONTEMPLAÇÃO.
ANDEM, CONVERSEM, PENSEM, ADMIREM E SONHEM
QUANDO ESTIVEREM EMBRIAGADOS DE POESIA
ESTARÃO PARCIALMENTE LIBERTOS.




LOUCURA



Somos uma grande estante, 
de uma parede inteira, 
com compartimentos realmente muito visíveis aos olhos da sociedade, 
com aquela imensa prateleira profissional, 
onde alguns tentam chegar ainda. 
Realizados mesmo “com o trabalho” ou com parte dele pelo menos. 
Conseguimos galgar degraus que nossa mente jamais pensou subir...

É preciso considerar que nessa estante existem portas entreabertas 
onde alguns olhos já espiaram 
e descobriram parte da alegria que obtivemos vivendo bem, 
felizes, sorrindo, cantarolando, dançando, 
livres "em tese" para ir e vir, 
para tomar decisões e arcar com as consequências que elas inevitavelmente trariam...

E ainda e mais que tudo, 
é importante ressaltar que “a maioria das estantes humanas” 
têm gavetas bem fechadas, 
com chave e segredo onde somente os eleitos têm acesso 
e entrada franca...

E uma dessas gavetas da minha vida se abriu uns dias atrás, 
como se tivesse sido arrombada por um imenso temporal 
de pensamentos que destelhou, 
arrasou, 
entortou as bases 
e retorceu minha consciência 
e a convicção de que eu cresci 
e deixei para trás as esquisitices, 
as pilhações da juventude... 
Esse furacão foi denominado por alguns cientistas e estudiosos como AVC...

E a solidão encheu minha taça e transbordou... 
Um amigo estava doente... 
E não era um amigo comum... 
Era ele o dono de uma gaveta inteira, 
o senhor de tantas lembranças, 
um dos mestres na arte de arrumar confusão 
e festejar a vida...

E então... 
E o tempo voltou para trás...
Era tudo juventude, eram risos incontroláveis...
Eram almas indomáveis mesmo...
Era tudo alegria... 
Festa... 
Animação...
 “Todos” vivos... 

VIVOS...

Completamente embriagados por seus pensamentos loucos...
Eu não tenho nem idéia, 
eu nem me lembro como foi que a gente se encontrou, 
eu acho que uma amiga minha conheceu um amigo, 
e cada um deles tinha uma turma 
e um dia não sei o porquê essas duas “turmas” se encontraram 
e tudo começou...

E ali a amizade imperou magistral...
Aquela inclinação mútua pela brincadeira de viver...
Ser feliz num fusca sem banco, sem chave...
Num carrão luxuoso ou numa moto potente e veloz...
Ser feliz tendo dinheiro para um bom restaurante,
Ou sem dinheiro, ir à cabana comer risoto e jogar conversa fora...
Dormir amontoado em pleno inverno, sem televisão...
A distração era o olhar de cada um...
As piadas de nós mesmos...

O domingo 
a tarde se aproximava 
e todo mundo já tinha esquematizado como é que seria, 
com quem ia, 
quem trazia pra casa, 
onde a festa...

AH, que mentira!

Eu vou ter que chamar a minha atenção!
A gente nunca planejou nada... 
Fazíamos o que dava na cabeça...

Vou contar realmente como aconteceu, 
aí quem sabe numa dessas, 
você conheça o lugar ou as personagens da história, 
então terá liberdade para nos perguntar os detalhes 
e enriquecer as lembranças...

Quando nossa galera se encontrou, 
“os deuses do Olímpo fizeram uma reunião de emergência... 
ISSO JAMAIS DEVERIA TER ACONTECIDO!”

Tanto que o projeto era nos mandar pro mesmo planeta, 
porém nos separar de tal forma que nunca iríamos nos reconhecer...

ZEUS decretou:

Esse será um peixe, pois gosta de estar “molhado” sempre...

Aquele será um cachorro porque gosta de atenção, 
é amigo de verdade, 
mesmo sendo chutado,
acaricia, 
resmunga 
e ganha um olhar de carinho...

Uma delas será uma gata, 
é desconfiada, 
carente, 
gordinha, 
meio preguiçosa, 
tem garras afiadinhas, 
mas é em geral pacífica...

Esses dois irmãos, 
serão águias velozes e audazes, 
sairão livres, 
voarão sem medo...

Aquele miúdo encrenqueiro será um macaco, 
porque pula, 
grita, 
dança,
ri, 
sapateia 
e pensa, 
pensa muito...

Esta aqui será uma lebre, 
tem um lado tão carinhoso 
e outro tão ligeiro...

Essa baixinha aqui será uma cobra, 
é lisa, 
ardilosa, 
vai devagarinho 
e dá o bote tão certeiro, 
engana aqui e ali 
e conquista... 
Pa! Sempre tem desculpa pra tudo...

Ah... 
Você será uma girafa! 
Alta... 
Cheia de pose...

Estava tudo acertado, seriam todos separados pela água, 
terra e ar, então o Olímpo descansaria 
e teria tempo para tratar de outros tantos assuntos 
que competem aos deuses e teriam um “tempinho” até para descansar... 

Quem sabe?

No entanto, Dionísio, 
“BACO” 
o deus da festa e do vinho, 
"BES" o bobo dos deuses, deus da alegria e do prazer, 
"MOMO" que representava a zombaria e o sarcasmo 
e é um deus morto que conforme a mitologia por ter sido 
expulso do Olímpo para ser na Terra o rei dos loucos, 
"AFROFITE" a deusa do amor e da beleza e 
"NIX" que era a personificação da noite, 
fizeram uma brincadeirinha. 

E numa reunião secreta, 
resolveram que ZEUS não sossegaria assim a troco de nada, 
que o planeta terra não seria  o mesmo sem esses personagens tão ilustres, 
e que eles deveriam ser pessoas!

Então assim o fizeram e para não fugir tanto a vontade do 
“poderoso chefão” 
separaram as cidades para onde iriam, 
cidades pequenas, 
onde querendo ou não o “cara” tem que se comportar, 
e deram-lhes ainda pais suaves e delicados com as palavras 
e severos, muito severos com a educação de seus filhos, 
todavia esses progenitores deveriam acreditar também na liberdade 
e na responsabilidade da vida...

Ah! Quanta satisfação ser humano 
e poder falar, andar, ser criança, sorrir, pular, subir em árvores, 
fazer “arte”, 
no sentido literal da palavra, 
ser adolescente 
e foi aí que tudo começou outra vez...

Nós éramos muito, muito jovens mesmo 
e nos encontramos 
e as idéias se entrelaçaram, 
(não sabemos como e não nos lembrávamos de toda aquela confusão com aquele pessoal grego).

Morávamos em cidades vizinhas e pela festa TUDO, 
tinha sempre carona, 
tinha sempre desculpa para os pais 
e eles acreditavam na gente, 
não nas mentiras, 
em nós como pessoas e no que haviam ensinado.

A minha mãe sempre foi uma pessoa do certo, 
nos defendia com unhas e dentes 
e nos dava ao mesmo tempo liberdade para crescer 
e conhecer a vida, ela nos deu muitos motivos para sonhar e sorrir, 
o meu pai foi muito diferente dos outros pais, 
nos matava com as palavras e nos mostrava assim,
a cada dia, o que não queriamos pra nós, 
nos acariciava, nos amava estranhamente, 
e as chicotadas de palavras que levei me deixaram cicatrizes, 
mas eu era muito forte e cara de pau, 
nada abalava a minha vontade de viver, 
ver os meus amigos e me sentir acima de tudo 
“eu mesma” 
ser humano livre...

Na nossa galera não rolava drogas, 
nem sexo desenfreado, 
não como as galeras de hoje!
Rolava o agito da pele, a
s músicas da boate pequena e colorida de rostos das duas cidadezinhas, 
rolava briga, ciúmes.
Tinha aquela turma dos Homens com H maiúsculo, 
os conquistadores “os bão da boca”, 
e as mulheres “as gostosonas” corpinho, glamur...

Havia todo tipo de gente, cada um no seu quadrado, querendo curtir.

E o nosso grupinho...
E nós, que bebíamos muito, pulávamos mais ainda...
Andávamos num bando (5-6-7 pessoas) inseparáveis, 
topávamos quase tudo sempre...

Dois deles eram loucos de pedra. 
Se resolviam, subiam na moto, iam até o fim do mundo, 
lembravam que não tinham dinheiro e tinham fome e sede, 
refaziam o caminho pra casa.

Dois outros (irmãos) eu perdi o contato, 
sei que foram felizes dentro do que se considera felicidade com momentos bons, 
mais ou menos, péssimos e horríveis, 
assim como você, eu e todo o planeta...

As meninas continuaram na sua cidade de origem, 
foram, voltaram, cresceram, casaram, tiveram filhos, separaram... 
Sei lá... 
Tem uma que eu nem vi mais, assim como os garotos...

Mas em particular, cá pra nós, de toda essa anarquia, distância, solidão,
desencontro e ponto, 
sobraram resquícios de uma amizade sólida, 
edificada com mãos fortes que sabem exatamente onde chegar 
e o que fazer, como disse o meu amigo do AVC, 
“estamos juntos, não de corpo presente, 
a alma está atada com nós cegos e fixos que ninguém pode desatar numa vida.”

E destas décadas de 80 / 90, 
sobraram esmeraldas, rubis e todo tipo de preciosidades de lembranças 
e de histórias que você jamais ouviu 
ou pensou existir 
e que escritor algum inspirou-se em escrever, 
nem mesmo a ficção mais detalhada e divertida, 
o filme de ação mais envolvente 
ou o romance que ganhou o Oscar pôde apresentar...

Nós fomos muito felizes em nos encontrar...
As meninas, fruto de uma liberdade responsável 
e inteiramente entregues a magia de viver... 
Os meninos heróis da jovialidade com beijos mágicos a distribuir, 
com passos barulhentos a dar... 
Era dança na rua, no olhar, nos ouvidos a nos embriagar...

Lá na rua, na danceteria , no entrevero, no vuco-vuco, 
a gente se olhou, 
se viu, 
se abraçou, 
se curtiu, 
e riu muito... 
Nem percebeu que algo poderia acontecer, assim... 
Éramos imunes ao amor, éramos rocha, amasso, beijo, e só... 
Não acreditamos um no outro, 
nós éramos muito bobos pra pensar no amor exatamente...
Dias, semanas, meses daquela paixão sem eira nem beira, o coração a mil...
E nossas mãos distanciaram-se devagar, indo, querendo não ir, mágoas, desencontro, outro amor pra ele, e em câmera lenta despedaçaram-se os momentos que nós criamos.

E o tempo se fez imperador da saudade e do silêncio, 
Zeus deve ter descoberto a trapaça daqueles 5 ou 6 deuses da teimosia 
e da irreverência e deve ter mexido os pauzinhos pra nos afastar a todos assim abruptamente...

Anos se passaram, 
era outra vida, 
festamos muito com outras turmas, 
novos amigos e inimigos, 
eu continuava meio sem juízo e pelo que sei os outros também, 
eu sei apenas que se eu morresse hoje, 
que Deus me livre, 
ia até feliz, 
porque eu sei bem o que é viver!

Como eu disse,
outras vidas, 
outras bocas, 
outras conversas 
e círculos de amizade que nos fortaleceram 
ou que nos derrubaram, 
(a gente tem uma história dentro da outra e coisas simultâneas e o bem e o mal da vida vai sendo tecido por nós mesmos ou pelo destino ou sei lá por quem).

Eu e Ele nos encontramos por acaso, 
não uma nem duas vezes, 
várias vezes o mundo foi girando de maneira tal 
que estávamos de repente 
frente a frente 
e o coração a galope queria correr ao encontro...
Não sei dizer como foi que o tempo fortaleceu, 
nós dois, 
já que sempre acreditei que ele, 
o tempo, 
nos faz esquecer 
e passar como um trator por cima das coisas que nos apavoram 
e nos maltratam, 
mas dessa vez o tempo foi contraditório, 
me fez amar ainda mais aquele ser inalcançável que ele havia se tornado...

Sabe aqueles animais que de longe Zeus tinha preparado para sermos nessa vida?

Era a cobra e o macaco! 
Que tinham “virado gente” de verdade!
Conquistadores de espaço, de boa aparência, 
inteligentes a ponto de serem felizes, 
aparentemente com a tranqüilidade da vida adulta, 
os seus compromissos, 
as suas responsabilidades, 
a sua capacidade para trabalhar 
e ter idéias 
e reinventar-se...

E o macaco louco, 
sorriso inteiro, gritos e assobios, 
transformou-se, num homem de verdade: 
gentil, interessantíssimo, 
um cavalheiro que guarda é claro os resquícios de um grande farrista...

E nessa metamorfose apareceu e perfumou minh`alma...

Adoçou a minha vida em sonhos de uma valsa eterna...

Erradicou a solidão das minhas noites...

E esse romance de primeiríssima qualidade fez de nós dois reféns 
de um amor do passado, 
querendo aflorar no presente 
e sem perspectivas para o futuro...
Essa cumplicidade nos faz felizes... 
Relembramos, 
remexemos no passado como quem abre um baú de especiarias finas, 
falamos dos amigos e do que poderá acontecer conosco... 
Precisamos apenas nos enxergar, trocar palavras e carícias, 
nos aconchegar um no outro, 
acreditar que estamos vivos para além do que os outros vêem 
ou pensam que sabem... 
mais do que nós mesmos...

No entanto, 
Zeus colocou em nós todos daquela galera, 
uma repulsa pelos cabrestos que a vida nos impõe, 
não fomos feitos uns para os outros, 
fomos feitos para o mundo...

Estamos rodeados pela multidão, 
sentimos falta um do outro, 
mas não nos aproximamos.
Acho que o meu amor é apertado demais 
e já o machuquei por isso, 
não sei nem se você voltará a me procurar um dia 
ou eu por ventura procurarei você. 
Nossa sede jamais será saciada completamente. 
Somos carentes e assim ficaremos para sempre...

Nossos companheiros, não sei, seguem suas vidas...
O meu amigo do AVC me fez refletir. 
Acreditávamos na imortalidade 
e que seriamos jovens para sempre 
e munidos dessa esperança desafiamos a vida muitas vezes, 
hoje, 
estamos silenciosos, 
os deuses não mais nos percebem como ameaça, 
mesmo porque não mais existiram ou existirão, 
jovens como nós, 
eles hoje nutrem outras expectativas.

E aos nossos filhos eu desejo uma pequena porcentagem, 
dessa nossa alegria de viver, 
que eles encarem seus desejos, 
suas emoções, 
sua vontade de adrenalina 
e sejam responsáveis por isso tudo.

Um brinde aos deuses, 
por nos terem colocado aqui na terra e nos deixado “viver” 
essas aventuras todas.
Um brinde aos altos e baixos da alma 
e ao preenchimento total de nossos corações com os amores, 
os filhos, 
a família 
e as lembranças.

Nós fomos muito felizes em nos encontrar com toda certeza...