Ele trataria da paz nestes campos...
(Izabel Moreira dos Santos)
Eu sou o cerne...
A essência, o
interior...
Sou terra...
Sertanejo...
Raiz...
E quem diz que no
sangue não está correndo terra
Não é gente
Não será semente
Nem pó, nem nada...
Nesta terra já fui
flor
Já fui amor
Já fui pedaço de um
tudo
Aqui no sul eu fui
plantado
E meu nome é todo
mundo
É solo
É piso
É chão firme
É meridião...
Eu sou o chão
Em que as sementes
pisaram toda vida
E minhas mãos são
cestos carregados de amor
A regar tudo que é
flor
E que já foi semente
um dia
E que árvore frondosa
será
E que grandes
colheitas trará...
Eu sou José, João...
Sou Gregório, sou
fé...
Sou Sebastião...
Meu batismo é de
Igreja e de coração
Da minha mãe do meu
pai e dos meus irmãos...
Eu sou de família
De quermesse, matinê,
catequese...
Minha primeira trilha
Nos ensinamentos de
minha mãe
E do meu pai trabalho
Economia e amor pela
natureza
A grandeza primeira de
um ser que quer ser homem ou mulher...
Que quer um dia saber
o que quer...
Eu sou Maria,
Jurema, Eugênia,
Eudóxia, Francisca...
Senhoras da terra e da
casa
Alicerce, consorte...
Companheira de horas
inteiras
Dividida pelo amor
inteiro
Que só ela sabe sentir
por cada fio tecido em sua linhagem
A mulher é a perfeita
linguagem
Ela tece as memórias
Ela une
Ela reúne
Ela completa
Homem – mulher
Terra – sertão
Interior – humildade
Povo – humanidade
A história dos
lugarejos que se formaram
Gerações que trouxeram
conhecimento
Batalhas que se
travaram
Vidas se formando de
momentos
O que foi
O que é
O que será
Caboclo
Mistura
Aqui neste chão os
verdadeiros amantes da terra
O lar das imperiosas
Araucárias
Que hoje são árvores
precárias
Machucadas pelas fitas
pelas serras
Homens forasteiros sem
coração
Homens que não dão
valor ao nosso pinhão
Ah, quem dera se além
de cortar essas mãos conseguissem semear...
Reconstruir o que os
furacões humanos arrancaram a força...
Ah, quem dera se a
natureza pudesse renascer impetuosa...
Mãe terra e
conselheira, pudesse ressuscitar...
E das cinzas das
serrarias surgissem sementes
E contra todos esses
poluentes
O sertanejo pudesse
lutar...
Ah terra mãe...
Que nasça a sabedoria
nos corações...
E que em todas as
nações brote o desejo da vida
E que o peito dos
homens todos
Sinta o que sente um
caboclo quando vê uma árvore tombar...
Eis o sertão...
Ah... Terra adorada
pedaço do Brasil
Ah... Terra idolatrada
coração de um céu anil
Adorada? Idolatrada?
Respeitada?
Não Brasil...
Não há carinho entre
as flores...
Não há mais emoção
entre a correria simpática dos animais silvestres...
Não mais o
encantamento das cores...
Não há mais respeito
pelas águas...
Pelo chão...
E a natureza guarda no
ventre tantas mágoas...
Porque as mãos que
semeavam e curavam a terra, escassas estão...
Ahhh, quanta saudade
dos tempos que vivi nestes campos...
Este meu berço natural
recheado dos maiores encantos...
E que sonho tão louco
eu tive agora...
Queria embalar você
nos meus pensamentos agora...
Queria que os filhos
modernos deste tempo...
Tomassem do passado
como exemplo...
Pudessem também correr
livres por aí...
Que eles pudessem
experimentar as delícias
E as avós com suas
meigas carícias...
Eu posso dizer que fui
feliz aqui...
Quem não lembra...
É que não viveu...
Desculpe! Talvez você
não me compreenda
Mas vou dizer do fundo
do meu coração...
Sou feliz porque
experimentei sapecadas de pinhão...
Sou feliz porque comi
goiaba com colher sob o pé de goiabeira
Estou realizado como
ser humano,
pois sentia o gosto
todo ano
Do ingá, ariticum,
ameixa e butiá...
E no quintal da minha
avó o pé de uvalha que chamava baixinho
E as brincadeiras no
parreiral do sítio do meu padrinho
As amoras e tudo o que
você puder lembrar nesta hora dos teus tempos de infância...
A moranga feita na
cinza
A chamada para o
almoço
O revirado de feijão
com torresmo
As comidas preparadas
nas trempes
Panelas e caldeirões
fervendo alegrias
No fogo de chão do
paió
O pão feito no forno
de pedra e de barro
Construção muito fina
de tempos não tão longínquos
O monjolo fazendo a
farinha
O sabão de cinza a
lavar o corpo, os pensamentos e a alma,
Levando embora o
cansaço de um dia de trabalho na roça...
A boca se enche do
sabor daquelas carnes de porco na banha
Guardadas nas latas...
E a sede saciada na
água das bicas
É como se agora eu
fosse imediatamente transportado para sótão
Aquele esconderijo
mágico das primeiras peraltices
Foi um tempo sofrido
Mas foi um tempo de
verdadeiros amigos
No chão dobrado
Dificuldades para
agricultura
E para formar a
lavoura era muito difícil
As árvores eram
grossas
A mata espessa pedia
muitos artifícios
Era preciso fazer a
derrubada
E esperar a raiz
apodrecer
Para poder cultivar a
terra encantada
E os nossos ancestrais
grandemente criativos
De sol a sol puxavam o
arado fuçador
Contado com os cavalos
e os bois
E suas ferramentas não
eram máquinas potentes
Era o braço forte
empunhando o machado
A foice e a enxada...
Os nossos homens e
mulheres do passado eram feitos inteiramente da fé...
Nesta terra de José e
Maria
Muita semente havia...
Havia mais fé neste
sertão
E eu que tantas vezes
ouvi
Com voz de bem-te-vi
O padre na missa
crioula dizer
E o mundo inteiro a
emudecer
E a pele toda a
arrepiar
Como que de repente
Jesus viesse pastorear
Por aqui, nas cancelas
do sul...
E eu ouço ainda a voz
do Padre
A fazer tremer o chão
quando dizia:
Em nome do Pai,
do Filho
e do Espírito Santo
e com licença Patrão
Celestial...
Vou chegando,
enquanto cevo o amargo
das minhas confidências,
porque, ao romper da
madrugada e ao descambar do sol,
preciso camperear por
outras invernadas
e repontar do Céu a
força e a coragem para o entrevero do dia que passa.
Eu bem sei que
qualquer guasca,
bem pilchado, de faca,
rebenque e espora,
não se afirma nos
arreios da vida,
se não se estriba na
proteção do Céu.
Ouve, Patrão Celeste,
a oração que te faço,
ao romper da madrugada
e ao descambar do sol.
Tomara que todo o
mundo seja como irmão!
Ajuda-me a perdoar as
afrontas
e a não fazer aos
outros o que não quero pra mim.
Perdoa-me, Senhor,
porque rengueando
pelas canhadas da fraqueza humana,
de quando em vez,
quase sem querer,
eu me solto porteira
afora...,
êta, potrilho chucro
renegado a caborteiro...
Mas eu te garanto, meu
Senhor, quero ser bom e direito.
Ajuda-me, Virgem
Maria,
primeira prenda do
Céu.
Socorre-me, São Pedro,
capataz da estância
gaúcha.
Pra fim de conversa,
Vou te dizer, meu
Deus,
Mas somente pra Ti:
Que Tua Vontade leve a
minha de cabresto
Pra todo o sempre e
até a querência do Céu.
Amém.
.........................................................
E quando penso em tudo
o que já passou
E quando penso em tudo
o que a vida já ensinou
E quando lembro que
sou feito desta terra fértil
E quando vejo cada
paisagem
Deste meu berço
Quase uma miragem
Eu compreendo a
bondade de Deus
É só o Pai mesmo para
construir uma casa tão perfeita para seus filhos
É só o Pai mesmo para
nos envolver neste colo
Que é o nosso sul
E tecer um ventre tão
fecundo desta mãe terra
Que formou o paraíso
onde eu vivo
E pela terra os filhos
teus travaram árduas batalhas
Aqui nas arenas do
Contestado
De sonhos chucros
E de mãos calejadas
pela enxada
As ferramentas foram
trocadas
Para obter um bem
maior
Gente de fibra
Vieram mexer nas
feridas
E levaram personagens
sem par
..................................................
Nascida na
lavoura
Nos
confins da floresta
A sua mãe
“A TERRA”
O seu pai
“O LEITO DO RIO”
Protegida
e nascida das cinzas
Patuá da
fogueira de João Maria
Um clarão
mulher
Uma
guerreira nata das terras do Contestado
Viu na
morte de seu pai e de seu amado
Um motivo
a mais para lutar em prol dos caboclos rechaçados
Chica
Pelega um nome gravado no peito dos doentes da guerra
Roberta
Francisca mãos de luz e de cura
A iluminar
os olhos dos guerreiros do Contestado
Filha do
Taquaruçu
Da cidade
Santa originou-se a mulher aguerrida de forças
Para
combater o Dragão vermelho do Contestado
Feito do
sangue dos caboclos destas terras...
Estava
escrito que tudo aconteceria assim
E da luta
dos caipiras
Se fez um
trecho da história de Santa Catarina...
............................................................
De que é feito um homem
que sai pelo mundo dizendo ser fruto da religião...
E dela formar e
comandar exércitos de humildes homens...
Prontos para morrer em
nome de seus objetivos...
João Maria foi uma
semente que sonhava bons frutos...
Peregrinou entre 1844 a 1870
João Maria levava uma
vida extremamente humilde...
Serviu para arrebanhar
milhares de crentes,
Porém não exerceu
influência dos acontecimentos
Que viriam a
acontecer,
Mas serviu para
reforçar o messianismo coletivo
Houve então, um
segundo sábio de coração...
Um outro João Maria...
Esse nome se reforça
Surge em outra
revolução
Para obter vitória em
sua causa ele se esforça
Faz seu papel
acreditando ser sensato
1893 Federalista lado
a lado com os Maragatos...
Faz previsões de fatos
políticos
Ganha terreno
influenciando os crentes
E desaparece em
1908...
Seu nome deixa gravado
em muitas mentes
Homens e mulheres de
coração quente
Que por seus terrenos
queriam lutar...
1912 surge então
o terceiro monge
José Maria de
Santo Agostinho
Curandeiro de
ervas
Desertor do exército
Sua origem
incerta
A fama veio
encontrá-lo quando ressuscita uma jovem menina
E a esposa de um
coronel de grave doença é curada
A vida desse
monge então por completo seria mudada
Grande quantia
de terra e ouro
O monge José
Maria não aceitou
A sua
notoriedade aumentou
Passou a ser
considerado santo
E conhecido por
todos os cantos
Um homem com a
sina de curar e tratar dos doentes e necessitados
Ele não era um
curandeiro comum
Sabia ler e
escrever
Ele formou a
farmácia do povo
E atendia quem lhe
procurasse até altas horas da noite...
Esse homem
santo, considerado.
Fez nesta
querência muitos afilhados
O povo queria
crer
Que esse era o
santo por eles esperado
Afinal ele era
letrado
Essa guerra se
pôs a escrever...
Não se sabe ao certo o nome de todos os
personagens a povoar a história do Contestado.... Não importa mais ver a cor
dos lenços que avisavam de que lado cada um estava... Se soldado do governo ou
crente ou fanático ou caboclo ou vitima da própria sorte... Sabe-se apenas que
pais de família morreram na tentativa de acertar o rumo das suas vidas e da
vida dos filhos seus...
Sabe-se apenas,
que crianças foram chacinadas...
Que a fome e a
sede arrebatou vidas de velhos, mulheres e crianças...
Acreditando
serem eles, os vitoriosos de tão marcante guerra, os sertanejos se despedem da
vida em meio as batalhas...
Adeus terras
verdes que sempre nutriram a alma tão humilde desses caminheiros do sul.
Adeus vida de
fartura que outrora nascia no ventre desta terra cultivada com tanto amor.
Adeus canto dos pássaros...
Adeus pardais
cinzas de dias nublados...
Adeus canarinhos
amarelados do pôr-do-sol...
Adeus pacas,
tatus, capivaras, veados e animais todos destes terrenos nossos, daqui deste
sul, tão encantador e absurdamente divino...
Adeus peixes...
Adeus lambaris,
pequenos companheiros de pescaria...
Adeus jundiá...
Bagre... Saicanga...
Adeus nuvens do
céu mais azul e de brilho inexplicavelmente doce...
E se pudessem ainda os caboclos do contestado
despedir-se, banhar-se-iam nos rios que cortam toda essa região inundada do
sangue de seus filhos, e gritariam tão alto esse amor cultivado feito o feijão,
o milho, abóbora, aipim, frutas e verduras todas que nos mantiveram em pé toda
uma vida...
E eles descreveriam nas palavras e no linguajar
mais simples e mais sublime que já se ouvira por estas veredas...
É hora da partida e por mais que a queiramos
ainda, a vitória não nos pertence mais...
Os filhos deste doce chão guardarão com toda
certeza as marcas de um tempo que foi assim, bélico, porque precisávamos
conquistar as letras que desenhariam nossos nomes... Tão simples, quanto a
brisa e a chuva, tão ferozes quanto os ventos e os temporais...
A terra do Contestado conquistou identidade foi e
é na verdade o registro do que viveram nossos antepassados...
Quantas famílias
choraram rios de saudade
Mães de soldados
ou de caboclos são mães
E sentem a mesma
dor quanto a partida de um filho
Todos sofreram
Todos perderam
Muitos não
sentem nada nunca
Muitos valorizam
apenas o dinheiro
E não pensam em
todo absurdo que é uma guerra
Por terras, por
vidas, pela ambição...
...................................
A guerra acabou
O sol voltou a
iluminar os dias
E o tempo voltou
a repontar esperanças
Os homens dessa
época raiz
Eram embriagados
por ares de prosperidade
E na troteada
pelas estradas da vida
Os cargueiros
traziam o alimento
Os cestos
inundados de novidades
O persuelo
abarrotado de iguarias
Para a família
experimentar
Eta tempo bom o
das cavalgadas
Em busca do
choro miúdo da gaita matreira
Dos namorados e
das paixões com gosto do sertão
Eta caboclada
faceira
Dos tempos de
então
De mala na
garupa
E sonhos
inebriados de doces visões
Visões de
felicidades, amores e vida
A broaca
recheada de lembranças
Em meio as
viagens da mente bucólica
As mãos
calejadas da lida
A honestidade e
a verdade imperavam em toda habitação
Todos num pulsar
só do coração
Respeito pelos
da casa e pelos vizinhos
Pode saber que
se um porco se perdesse no terreno próximo
O amigo vizinho
vinha pessoalmente entregar
Não havia
maldade
Nem muitas
marcas
Todos conheciam
o seu espaço e os seus animais
Ser homem era
ter honra
Ser homem era
tatuar no peito rastros de honestidade
Tão serene e tão
forte
Um fio de bigode
valia sempre mais que um documento no cartório
As meninas na
sua inocência aprendiam a ser mães carregando no colo os irmãos ou as bonecas
de pano feitas pela generosidade das mãos da dona de casa que conseguia ser
muitas mulheres em uma só – ser roça – ser pilão socando paçoca – ser valente
para enfrentar os perrengues dos dias – ser mulher admiradora dos atos e do seu
marido como pessoa humilde e ao mesmo tempo sapientíssimo...
E nas
brincadeiras do terreiro estavam as petecas e os sorrisos...
O banho nos rios
rasos com seu leito de pedras lisas...
Os meninos eram
retratos dos seus pais desde muito cedo
Andavam
troteando e tratando animais
Andavam a correr
feito vento
E sorrir e
sonhar com o dia em que seriam eles
Os grandes
cultivadores de sementes e cuidadores de seus animais
Os meninos eram
fortes candidatos a homens de verdade
Semeariam suas
sementes e passariam para os filhos o que aprenderam com os pais...
E agora vou lhes
dizer o que o meu velho dizia sem pretensão de alguém gostar mas sim de
aprender com a evolução dos tempos o que ele aprendera com os seus pais:
Eis o que ouvia
no rádio
Luis Goiano
& Girsel Da Viola
A Vaca Já Foi Pro
Brejo
Tião Carreiro /
Lourival Dos Santos / Vicente Machado
Mundo velho está perdido
Já não endireita mais
Os filhos de hojeem dia
Já não obedecem aos pais
É o começo do fim
Já estou vendo os sinais
Metade da mocidade
Estão virando marginais
É um bando de serpente
Os mocinhos vão "na" frente
As mocinhas vão atrás
Pobre Pai e pobre Mãe
Morrendo de trabalhar
Deixa o couro no serviço
Pra fazer filho estudar
Compra carro a prestação
Para os filhos passear
Os filhos vivem rodando
Fazendo pneus cantar
Ouvi um filho dizer
O meu Pai tem que gemer
Não mandei ninguém casar
O filho parece Rei
Filha parece Rainha
Eles que mandam na casa
E ninguém tira farinha
Manda a Mãe calar a boca
Coitada fica quietinha
O Pai é um zero a esquerda
É um trem fora da linha
Cantando agora eu falo
Terreiro que não tem galo
Quem canta é frango e franguinha
Pra ver a filha formada
Um grande amigo meu
O pão que o diabo amassou
O pobre homem comeu
Quando a filha se formou
Foi só desgosto que deu
Ela disse assim pro pai
Quem vai embora sou eu
Pobre Pai banhadoem prantos
O seu desgosto foi tanto
Já não endireita mais
Os filhos de hoje
Já
É o começo do fim
Já estou vendo os sinais
Metade da mocidade
Estão virando marginais
É um bando de serpente
Os mocinhos vão "na" frente
As mocinhas vão atrás
Pobre Pai e pobre Mãe
Morrendo de trabalhar
Deixa o couro no serviço
Pra fazer filho estudar
Compra carro a prestação
Para os filhos passear
Os filhos vivem rodando
Fazendo pneus cantar
Ouvi um filho dizer
O meu Pai tem que gemer
Não mandei ninguém casar
O filho parece Rei
Filha parece Rainha
Eles que mandam na casa
E ninguém tira farinha
Manda a Mãe calar a boca
Coitada fica quietinha
O Pai é um zero a esquerda
É um trem fora da linha
Cantando agora eu falo
Terreiro que não tem galo
Quem canta é frango e franguinha
Pra ver a filha formada
Um grande amigo meu
O pão que o diabo amassou
O pobre homem comeu
Quando a filha se formou
Foi só desgosto que deu
Ela disse assim pro pai
Quem vai embora sou eu
Pobre Pai banhado
O
Que o pobre velho morreu
Meu mestre é Deus nas alturas
O mundo é meu colégio
Eu sei criticar cantando
Deus me deu o privilégio
Mato a cobra e mostro pau
E mato e não apedrejo
Dragão de sete cabeças
Também mato e não aleijo
Estamos no fim do respeito
Mundo velho não tem jeito
A vaca já foi pro brejo
O mundo é meu colégio
Eu sei criticar cantando
Deus me deu o privilégio
Mato a cobra e mostro pau
E mato e não apedrejo
Dragão de sete cabeças
Também mato e não aleijo
Estamos no fim do respeito
Mundo velho não tem jeito
A vaca já foi pro brejo
........................................................................
Sofremos e
choramos
Os tempos que
vieram
Foram nos
trazendo uma certa satisfação
Muitos de nós
nascemos em casa
Outros tantos de
agora
Nascem no
hospital
E se andávamos
por aí batendo pensamentos em estradas de chão
Hoje temos
asfalto e modernização
Estamos
crescendo
E de gente
grande que fomos, na nossa simplicidade...
Estamos
evoluindo de verdade
Agora temos
chances de mostrar nossos trabalhos
Mãos especiais
vão formando nosso artesanato
Somos artistas
de nossos pensamentos
Somos
criatividade
Somos emoção
Somos uma outra
geração
Temos no peito
um desejo nato....
E somos
embalados por canções como esta:
Belchior
Não quero lhe falar
Meu grande amor
Das coisas que aprendi nos discos
Quero lhe contar como eu vivi
E tudo que aconteceu comigo
Viver é melhor que sonhar
Eu sei que o amor é coisa boa
Mas também sei
Que qualquer canto é melhor
Que a vida de qualquer pessoa
Por isso cuidado meu bem
Há perigo na esquina
Eles venceram e o sinal está
Fechado pra nós, que somos jovens
Para abraçar seu irmão e
Beijar sua menina, na rua
É que se fez o seu braço, o seu lábio
E a sua voz
Você me pergunta pela minha emoção
Digo que estou encantada
Com uma nova invenção
Eu vou ficar nessa cidade
Não volto mais pro sertão
Pois vejo vir vindo no vento
O cheiro da nova estação
Eu sei de tudo da ferida viva
No meu coração
Já faz tempo eu vi você na rua
Cabelo ao vento, gente jovem reunida
Na parede da memória
Essas lembranças é o quadro
Que dói mais
Minha dor é perceber
Que apesar de termos feito tudo
Tudo o que fizemos
Ainda somos os mesmo e vivemos
Ainda somos os mesmos e vivemos
Como nossos pais
Nossos ídolos ainda são os mesmos
E as aparências não enganam não
Você diz que depois deles
Não apareceu mais ninguém
Você pode até dizer que estou por fora
Ou então que estou inventando
Mas é você que ama o passado e que não vê
É você que ama o passado e que não vê
Que o novo sempre vem
Hoje eu sei que quem me deu a idéia
De uma nova consciência e juventude
Está em casa guardado por Deus
Contando vil metal
Meu grande amor
Das coisas que aprendi nos discos
Quero lhe contar como eu vivi
E tudo que aconteceu comigo
Viver é melhor que sonhar
Eu sei que o amor é coisa boa
Mas também sei
Que qualquer canto é melhor
Que a vida de qualquer pessoa
Por isso cuidado meu bem
Há perigo na esquina
Eles venceram e o sinal está
Fechado pra nós, que somos jovens
Para abraçar seu irmão e
Beijar sua menina, na rua
É que se fez o seu braço, o seu lábio
E a sua voz
Você me pergunta pela minha emoção
Digo que estou encantada
Com uma nova invenção
Eu vou ficar nessa cidade
Não volto mais pro sertão
Pois vejo vir vindo no vento
O cheiro da nova estação
Eu sei de tudo da ferida viva
No meu coração
Já faz tempo eu vi você na rua
Cabelo ao vento, gente jovem reunida
Na parede da memória
Essas lembranças é o quadro
Que dói mais
Minha dor é perceber
Que apesar de termos feito tudo
Tudo o que fizemos
Ainda somos os mesmo e vivemos
Ainda somos os mesmos e vivemos
Como nossos pais
Nossos ídolos ainda são os mesmos
E as aparências não enganam não
Você diz que depois deles
Não apareceu mais ninguém
Você pode até dizer que estou por fora
Ou então que estou inventando
Mas é você que ama o passado e que não vê
É você que ama o passado e que não vê
Que o novo sempre vem
Hoje eu sei que quem me deu a idéia
De uma nova consciência e juventude
Está em casa guardado por Deus
Contando vil metal
Minha dor é perceber que apesar
De termos feito tudo, tudo, tudo que fizemos
Nós ainda somos os mesmos e vivemos
Ainda somos os mesmos e vivemos
Ainda somos os mesmos e vivemos
Como nossos pais !
De termos feito tudo, tudo, tudo que fizemos
Nós ainda somos os mesmos e vivemos
Ainda somos os mesmos e vivemos
Ainda somos os mesmos e vivemos
Como nossos pais !
...........................................
E outras gerações estão aí chegando devagar
E tomando o espaço que lhes é de direito
E o que será da vida
E o que trará a felicidade
A esses nossos jovens
O que lhes fará plenos
O que eles sonharão
Que ambições, que cores...
Que inocência...
Que carências terão...
Que sonhos...
Que flores...
Que natureza...
O que farão com a água e com as novas descobertas...
O que irão carregar nas mãos como conquistas...
Dinheiro... Poder... Tecnologias...
Isto nós já conquistamos...
Quais surpresas o futuro nos reserva...
Eu acredito que ainda existe um lugar
Acredito que ainda haja espaço para a esperança
Para a reciclagem
Para um ar puro
E para a água cristalina
Ainda existe lugar para o reflorestamento
Paro o plantio de árvores nativas
Que volte o tempo das imbuias, da canela e das araucárias...
Ainda existe lugar para a honestidade
Ainda existe lugar para a família e para o amor
Ainda há tempo de resgatar nossa identidade
Existe lugar ainda para uma vida completa e feliz
Repleta de esperanças e de sonhos conquistados...
Wilson Paim
Venha sentir a paz que existe aqui nos camposO ar é puro e a violência, não chegou
O céu bem limpo e muito verde pela frente
Uma vertente que não se contaminou
Pela manhã, o sol nascente vem sorrindo
E os passarinhos cantam lindos, no pomar
O chimarrão tem um sabor de esperança
E a criança traz o futuro no olhar
De tardezita, tem os banhos no riacho
Jogo de truco junto à sombra do galpão
Uma purinha que faz rima contra o mate refrão
E o cão que late contra o guaxo, no oitão
O anoitecer nos apresenta mais estrelas
Entre o silêncio que da paz, para o luar
De vez em quando um cometa incandescente
Se faz presente para um pedido repontar
Aqui a verdade ainda reside em cada alma
Se aperta firme quando alguém lhe estende a mão
Se dá exemplo de amor, fraternidade
Aos da cidade que não sabem pra onde vão
QUE AS TERRAS DO CONTESTADO MANTENHAM VIVAS AS SUAS TRADIÇÕES E QUE CARREGUEM COM ORGULHO A VOZ DO CABOCLO A SUSSURRAR LEMBRANÇAS COM O VENTO...
NOSSOS ANTEPASSADOS PLANTARAM AS SEMENTES NOS RESTA AGORA COM AMOR CULTIVÁ-LAS...
SE O CABOCLO PUDESSE AINDA FALAR...
PODE TER CERTEZA...
ELE TRATARIA DA PAZ NESTES CAMPOS...