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Carlos Bordignon


Hoje pelas estradas do nosso Brasil, ou melhor, do nosso mundo trafegam incontáveis caminhões e eles são os responsáveis pelo transporte de tantas e tantas mercadorias e utensílios que estão nas nossas casas, nos escritórios, lojas, enfim, de tudo que possamos imaginar...
No entanto, às vezes nos esquecemos dos operadores dessas máquinas maravilhosas...
Fazemos baile do caminhoneiro para comemorar o inicio do ano, de outras viagens, dos lucros, dos passeios...
E quantos meninos sonham com essa vida de aventuras na boléia de um caminhão...
Em Santa Cecília, quantos são os amigos, amores, pais, mães, esposas e filhos que assistem as viagens desses nossos guerreiros do asfalto...
E quantas vezes estamos nós no asfalto reclamando dos caminhões que vão muito lentos ou muito rápidos...
No entanto, nos esquecemos que muito além de uma carga pesada, vai ali um coração carregado de lembranças, dos sorrisos e dos olhares dizendo até mais na madrugada, nos sábados, nos domingos, nos aniversários, natais e tantas, tantas datas importantes que eles comemoram com o asfalto quente e solitário...
Existem as alegrias dessa profissão sim! E não são poucas...
Porém, tantas são as decepções, os problemas... os perigos, os assaltos, os dramas assistidos ao vivo...
Esta terra já perdeu pelas veredas asfaltadas do tempo tantos dos seus filhos...
Já dissemos adeus a tantos seres humanos tão valorosos e com importância singular para cada um de nós aqui presentes...
Hoje, em especial, estamos aqui para falar do CARLÃO, é uma pena que a experiência e o tempo muitas vezes não conseguem nos segurar por aqui...
O  primogênito do seu Severino e da Dona Dóris, do dia 11 de fevereiro de 1964, irmão querido do Zitão, da Jackie, do Marcus e do Marlon, o exemplo primeiro para os mais novos e o companheiro primeiro dos seus pais, o padreco, sério, responsável e concentrado nas suas obrigações...
Foi frentista, repositor do mercado do peixe, funcionário do banco Bamerindus, e um dia encantou-se pela estrada, pelo caminhão e foi ser feliz... E é tão bom ser feliz e fazer o que a gente gosta, e através do trabalho se realizar como ser humano e tirar desse prazer que é o trabalho, e através dele conseguir realizar os sonhos da sua Silvana e do seu menino Alisson e os seus próprios desejos...
Como é bom ser feliz e fazer o que a gente gosta e parece que os tropeços não são sinais para parar e são sim motivos para continuar a lutar mais e mais e se fortalecer como homem guerreiro que sempre foi...
 Carlos Alberto Bordignon sempre foi tranqüilo, amável e preocupado com os outros...
Gostava de estar entre os amigos e a família, mandar notícias, estar presente se possível...
É realmente incrível o mesmo embalo que o fez sorrir tantas vezes, foi o embalo que o levou para longe de seus familiares e ele foi estacionar lá perto de Deus...
Foi descansar e deixou um imenso vazio de saudade e de lembranças...
É importante dizer que por mais dolorido que o coração fique quando essas percas acontecem, é preciso ter força e fé...
O amor que uniu sempre a família, as conversas, os momentos bons, a vida que foi vivida intensamente e de maneira tão incrível deve se sobrepor à saudade e à ausência de quem foi tão amado por yodos...
Deus é muito bom para nós porque ele nos dá a vida... O tempo é um tanto cruel, por sugá-la aos poucos..
Deus nos quer perto dele também, pois somos os seus filhos, e ele também deseja acariciar com ternura e nos acolher com sublimação lá no seu reino, que é cuidadosamente preparado para nos receber um dia...
E este foi o momento do nosso querido pai, esposo, filho, irmão e amigo, Carlão... Ele se abraçou ao seu Criador e foi viajar pelas sendas do paraíso azul...
Que ele descanse em paz e que envie boas mensagens em pensamento aos corações que choram a saudade...
Que ele assista agora a vida dos que ele mais amou, ser vivida com sabedoria e com o sucesso que ele sempre desejou...
Que os anjos o protejam e protejam sempre a sua família e os seus amigos...
É importante que a cada instante em que vocês pensarem no Carlão, vocês também lembrem que agora ele foi convocado por São Cristóvão, aquele que carrega Cristo, para  transportar cargas de afeto, de boas lembranças, de amizade, tranqüilidade, fé e compaixão... E as carretas navegam pelas estradas de nuvens que despejam em nós toda a bondade e o amor que vem de Deus....

                                                               Izabel Moreira dos Santos Dal Ri